sexta-feira, 30 de abril de 2010

Terra dos orixás

Foto: Google
“Bahia de todos os santos, encantos e axé”, já dizia Moraes Moreira. Bahia de toda essa gente de toda essa cor. Bahia de toda essa música, de toda essa fé e de negros cor de café. A Bahia é de tudo e todos um pouco. Um pouco indígena, um pouco portuguesa ou espanhola. A Bahia só não é pouco africana.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2005, Salvador é uma das cidades mais populosas do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. A capital da Bahia tem aproximadamente 2.714.119 habitantes, desses, pelo menos ¾ são afrodescendentes. Para o historiador do Centro de Referência a Cultura Afrobrasileira, Gildásio Freitas, esses números têm explicação na colonização do Brasil, quando os negros foram trazidos à força da África para serem escravizados. “São retratos da miscigenação, porém, como a Bahia foi o lugar de maior concentração de negros, principalmente a parte do recôncavo, hoje temos mais descendentes dessa etnia do que de outras, ao contrário do sul do país, por exemplo”, explicou.

Vários aspectos da cultura integram o legado histórico da influência africana, como a comida feita de azeite de dendê, a musicalidade, a moda, a linguagem e a religião. Essa última, por si só, já representa grande parte dessa herança. De acordo com pesquisa levantada através das Secretarias Municipais da Reparação e da Habitação, em parceria com o Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, foram catalogados em Salvador 1.165 Terreiros de Candomblé.

Os praticantes das religiões de matriz africana (como hoje se convencionou chamar as religiões afrodescendentes) são chamados de povo de santo devido à crença nos orixás, que são os deuses cultuados nos rituais. Dentro dos terreiros de candomblé, todos são considerados uma grande família, conhecida também como “família de santo”. Como em qualquer casa, os pais são a autoridade máxima e, nas casas dos orixás, não poderia ser diferente. Quem está à frente de um terreiro é sempre um pai ou uma mãe de santo, também chamados de babalorixá ou ialorixá na língua iorubá. Os outros assumem demais cargos, como os Ekedis, que são auxiliares sagrados nos rituais, os Ogãs, que são os homens responsáveis por tocar os atabaques, e os filhos e filhas de santo.

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